“O Brasil não deve ser sinônimo de praia, violência e mulatas peladas”, diz a ministra à repórter Véronique Mortaigne. “Ele tem a oferecer sua alegria, sua capacidade de harmonia e sua diversidade, apesar da pobreza”. Isso porque Marta vem de Londres, onde ela observou as iniciativas culturais promovidas pelos ingleses para as Olimpíadas de 2012. A ideia é, claro, coletar ideias para a realização dos Jogos do Brasil, em 2016.
Mas, como fica claro na entrevista, Marta está na Europa, mas com a cabeça e os pés no Brasil. Ela comenta, por exemplo, a saída de Ana de Hollanda, a quem ela substituiu na pasta: “Assim que chegou, ela pediu a retirada das licenças Creative Commons que haviam sido aplicadas por Gilberto Gil ao site do Ministério da Cultura”.
Ao contrário da antecessora, Marta Suplicy não sai em defesa dos modelos estabelecidos – principalmente o ECAD – de coleta e distribuição dos direitos autorais. A nova ministra promete uma solução inovadora, que “regule da melhor maneira possível” a complexa batalha dos direitos autorais em um país que figura entre os maiores pirateadores do mundo.
Na verdade, escreve o jornal, Marta gostaria de reformar tudo de uma vez, inclusive a lei Rouanet, que autoriza até 100% de isenção fiscal para o “mecenato cultural”. Mas Marta reconhece que uma mudança radical está fora da pauta: “Os próprios artistas defendem (o modelo da lei). No entanto, nós exigiremos uma melhor distribuição – as sedes sociais das empresas ficam no sul do país. Consequentemente as regiões mais necessitadas são lesadas”, afirma a ministra. “O Nordeste, apesar de riquíssimo culturalmente, recebe apenas 1,6% dos investimentos da lei Rouanet”.
No Brasil já sem fome e com nítidos progressos sociais alcançandos pela gestão do petista Lula, é hora de dar um passo além: “Lula cortou o ciclo da pobreza. Dilma Rousseff deseja que a cultura seja o alimento das almas”. Daí o título do artigo.